Como nos reservatórios de vidro, comumente usados na decoração de consultórios, “Aquário” é uma metáfora para um cativeiro onde a natureza acontece ciclicamente, dentro de um contexto restrito. No espetáculo, um casal de corretores se destaca dentre os núcleos de pessoas que há muito habitam aquele espaço, e que por força de suas memórias curtas sequer se lembraram de tentar escapar do local.
O sistema de repetição de ações entra em pane quando o público chega para conhecer a casa, guiado pelos corretores. O plano do casal é que alguém ocupe o espaço para que eles consigam, finalmente, se libertar de lá.
“Aquário” segue também a intenção do Liquidificador de sempre trabalhar próximo ao público. Não por acaso, é a plateia quem quebra a rotina dos personagens de repetições eternas. A peça acontece pelos cômodos de uma casa comum, para um público reduzido, numa relação muito próxima, de olho no olho. A esses “visitantes”, entretanto, é reservado o direito “voyeur” de espectador. Apesar de parte importante da dramaturgia do espetáculo, o público só interage com as cenas se quiser.
O Espetáculo marca um momento importante do Grupo Liquidificador, sendo o primeiro, e único espetáculo a ser dirigido por uma diretora convidada, nesse caso Ana Flávia Garcia.
Aquário
Direção: Ana Flavia Garcia
Textos e Dramaturgia: Ana Flavia Garcia e Grupo Liquidificador
Elenco: Fernanda Alpino, Fernando Carvalho, Iza Cavanellas, Kael Studart e Karinne Ribeiro
Participação especial: Lucas Muniz
Direção musical e trilha sonora: Lívia Muniz e Lucas Muniz
Canção Original: Marco Michelângelo, Ana Flavia Garcia e Alessandro Lustosa
Cenografia: Maria Vitória Dutra e Leo Gois
Figurinos: Eduardo Barón
Iluminação: Ana Quintas
Operação de Luz e contra-regragem: Grupo Tripé
Fotografia: Duda Affonso
Programação visual: Luísa Malheiros
Produção audiovisual: Márcia Regina
Ficha Técnica
Temporada:
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2018, Julho, Galeria A Pilastra, Guará 2, DF.
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2014, Setembro, Vila-TeleBrasília, DF.
Aquário é uma peça encenada dentro de uma casa, para poucos espectadores por vez. Você é convidado a conhecer a casa por dentro, e as muitas emoções que estão ali dentro. Todo o resto são os caminhos abertos que você vai percorrer sozinho: relações familiares, opressões das mais diversas, violência, rejeição, incesto, alegria, ingenuidade, brincadeira. Foram eles que falaram sobre tudo isso? Ou essas sensações são todas minhas, exclusivamente minhas – sou eu refletida num desconfortável espelho?
Tem que gostar de teatro. Tem que gostar de ser provocado, instigado, chamado pra cena. Não pode ter medo do olho no olho.